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terça-feira, março 24, 2009

Dia Primeiro

Passava entre as árvores uma a uma pensando parar sem mais nem menos e se esconder do sol. Haviam nuvens verdes cor de folha. já que eram muitas as árvores de galhos grandes que talhavam um quadro imaginário. Seguia uma trilha inexistente e acho que se perder alí seria importante para que o dia latente ficasse em memória. Destinava-me a chegar e encontrar o vilarejo com as praças e as casas. Sabia que estava numa área de frente para o rio. Eu era visita ali e mal havia chegado, fazia férias, e ficava hospedado num clube de campo que não saberia voltar. Logo que cheguei, ao ver o panfleto com o desenho destas casas de qual eu procurava, segui adiante em direção ao trajeto descritivo do anuncio. Mas logo estava perdido, acompanhado pelas árvores de sol. Eu fitava as árvores e via que elas não me observavam, muito óbvio. Mas começo a rir porque povo que entra de férias e se vê numa situação dessas tem essa pré disposição a rir de tudo. Estava mal tragado alí, não tinha me dado bem nem conta de onde estava. Começo então a andar para outro canto e ás árvores começam a mudar de aparência, assim como as pessoas, elas acordam estranhas e ao longo do dia vão se emancipando visualmente. Avistava agora a claridade mais colorida e via a cor verde das águas, via já os hóspedes com aquelas malas enormes e tento me direcionar. O guia ao me ver saindo do matagal ao estilo Dundee resolve jogar bronca, e o sermão de quem conhece os "perigos" daquela mata selvagem me deixa lisonjeado ao sair vivo. Marta era uma das que estavam com a gente, estava também de férias, era de meia idade e adorava a natureza e vestia um modelito de quem freqüentava academias. Ela me diz umas coisas de chácra e energia espiritual até eu acender o primeiro cigarro, muda o discurso para o aquecimento global e não deixando eu relutar fico mais contente com o papo. Retiro-me dali dá área do guia e vou para o centrinho do local tentar me relacionar com o povo dos bares, das praças, jogos de baralho e dominó. Não gosto de ser guiado por um guia local com turistas e nem da companhia de gente em viagem querendo se relacionar. Na praça da árvore ficavam uma árvore central, mesas e só, e um homem de chapéu gritando com idosos nas mesas, jogando cartas e dominó.
Entrei num dos bares, ao balcão ficavam pessoas que já moravam ali e me distancio um pouco delas. Elas olham estranho como se eu fosse de um outro planeta, um rapaz vem se sentar e me cumprimenta chamando de senhor, eu dispenso essas formalidades. Expliquei que mal havia chegado e esperava alguma diversão além dos passeios pela mata com o guia da agência de turismos. Ele diz que só conhece diversão em cartas de baralho, mas conta da festa do vira. A bebida local é o que movimenta a área e a cidade possui inúmeras adegas. Levantei-me carreguei-me para o hotel, não era tanto quanto de luxo, mas me assentei ali e me configurei bem aos confortos, e a varanda de frente para aquelas ruas de transportes calmos. Adorava sentar ali de tarde, um cochilo, e dois e três e pronto para a me aventurar na noite interiorana! Meu destino agora era sair sem rumo, achar a festa do vira e acordar em algum lugar desconhecido. As lojas todas tinham vitrinas e bem semelhante aos shopping, nunca me agradam. Muitos turistas nas ruas, gente conversando e bares com mesas lotadas. Perguntei sobre a tal festa e caminhava, caminhava até que em um dos bares me sentei com um pessoal que vinha passar as ferias e me parecia bem legal. Não acreditava ao ver os truques de baralho de um senhor da região, fazia as cartas desaparecerem e as vezes desapareciam até para sempre.